quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sobre o cavaquismo

Excelente texto, aqui, de Luciano Amaral:
Mas nessas análises tenho sentido falta de uma nota: é que o cavaquismo foi o mais importante momento de credibilização (talvez mesmo de salvação) da nossa democracia. Já ninguém se lembra como ela era antes da primeira maioria absoluta de Cavaco. Já nos esquecemos como, entre 1976 e 1987, o sistema político vivia em absoluto descrédito: governos que duravam entre dois anos e alguns meses, conflitos permanentes entre os diversos órgãos de soberania ou coligações espúrias e frágeis. Já ninguém se recorda da sensação de crise perpétua, senão mesmo de inviabilidade, do regime. As maiorias absolutas de Cavaco acabaram com isso. Dado que nessa altura se viveu também o melhor período de crescimento económico desde os últimos anos do Estado Novo, o cavaquismo deu-nos a ideia de que afinal poderíamos ser como qualquer outro país europeu: calmo, estável e próspero. Não por acaso, quem recentemente votou em Sócrates e no próprio Cavaco quis fazer-nos regressar a essa “idade de ouro”.

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