domingo, 30 de novembro de 2008

Porque nem só na economia há crise

O grande Mantorras está de volta aos convocados!
MANTOOOORRRAAAS

Uma pergunta pertinente

What are the times in history -- whether in the U.S. or elsewhere -- when a large-scale application of expansionary fiscal policy has been effective in raising a country out of a recession or depression?

I've already discussed World War II and the United States, so whether or not you agree with me there is no need to mention that episode again. I'm not (yet) looking for a debate rather I am conducting an opinion poll. Over the next few weeks or months I hope to investigate some of the cases you mention and see what is the verdict of history.


in Marginal Revolution

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Incentivos fiscais

João Pinto e Castro, no blogue jugular publica um artigo sobre o que ele chama "planinho" Barroso.

Nele, começa logo por criticar o tamanho deste plano, dizendo que 1,5% não é suficiente, para uma recessão que através da "paralisia do sistema financeiro ameaça bloquear o funcionamento da economia mundial, algo que, a esta escala, não sucedia há quase oitenta anos". Esta afirmação, que se repete muito ultimamente, é, no mínimo, enganadora. Como afirma Sala-i-Martin, neste artigo, há várias diferenças entre a grande depressão e esta recessão. De facto, 1,5% é um incentivo muito grande.

Pinto e Castro segue afirmando que "[b]aixar impostos não é uma solução, porque, na actualidade, tanto as empresas como os particulares privilegiam o entesouramento como forma de se protegerem contra o risco que adivinham no horizonte". No entanto, como por exemplo o demonstra um recente estudo dos Romers, as descidas temporárias dos impostos em tempos de crise têm de facto um efeito de promover o consumo. Ao contrário disso, há muitos poucos estudos sobre o efeito do investimento público no crescimento.

Pinto e Castro continua citando Keynes que "recomendou a Roosevelt após a sua eleição, do que agora se necessita é de gastar, gastar, gastar. Para evitar ter que gastar mais depois, quando isso for mais difícil e perigoso". No entanto, estudos sobre a grande depressão indicam que o que realmente salvou a economia da Grande Depressão foi a política monetária expansionista(veja-se, por exemplo, este estudo de Christina Romer).

Democracia, estilo venezuelano

La comisión legislativa que investiga en Venezuela un presunto complot para derrocar y asesinar al presidente Hugo Chávez ha pedido este viernes la apertura de procesos penales contra el líder opositor Manuel Rosales, quien desde el domingo es también el alcalde electo de Maracaibo, capital del estado del Zulia, y varios directores de periódicos, empresarios y militares.

in el Pais

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Conselhos para a RTP: Tornem os debates mais animados


(via jugular)

Vamos antes discutir o tempo

Em resposta, o ministro das Finanças retorqiu: "Mais do que discutir se deve ou não ser decretada a recessão, o mais importante é decretar as medidas que são necessárias para enfrentar as dificuldades que advieram desta conjuntura".

Mas não é o orçamento que está em discussão? E esse orçamento não inclui previsões de despesas e receitas com base em previsões sobre crescimento cada vez mais impossíveis? O que está em discussão não é se "deve ou não ser decretada a recessão", mas se faz sentido aprovar um documento-plano para as despesas e receitas do Estado que se sabe, à partida e com a melhor informação disponível, que não pode ser cumprido.

Prioridades

Comissão Europeia considera “inaceitável” que Portugal não garanta água potável para todo o país
Mas vamos ter um aeroporto novo em Lisboa e ligação TGV ao Porto.
Uma questão: Se gastarmos dinheiro a pagar multas à UE por não cumprir a regulação, será que estes gastos públicos também têm o efeito multiplicador?

Investimento Público Estruturante I

Carneiro e Heckman (2003), para os Estados Unidos:



Magalhães (2008), para Portugal:


Notas importantes: a comparação entre os Estados Unidos e Portugal não é óbvia, o pré-escolar termina aos 5/6 anos, há ainda uma área no gráfico relevante acima do pré-escolar e não é imediato que aquela seja a taxa de referência e uma parte essencial da Política é tomar opções complicadas em situações de informação imperfeita. Nem o paper é perfeito.

Leituras Recomendadas

Bailing out Citi is a bit like putting out a fire in the house of a very irresponsible fellow down the street who lets his kids play with matches while he's sleeping in a hammock out back. You'd be very happy to see his house burn down, preferably with him in it, but you're afraid that the flames will spread through his unraked leaves to engulf the entire neighborhood.

Gary Weiss in Politico

No means no

On 11 December, EU leaders will meet to find what they call a ‘solution’ to the ‘Irish problem’ – Irish voters’ rejection of the Lisbon Treaty in their June referendum. The Manifesto Club will be taking our campaign for popular democracy to the heart of Brussels – to expose the contemptuous attitude of European elites towards their publics, and to start to build a cross-European alliance for freedom and against bureaucracy.

8 DECEMBER, NO MEANS NO! - MEETING IN BRUSSELS
(via O Insurgente)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Teimosia

clipped from www.sedes.pt

Inicialmente o TGV era necessário para desenvolver a economia, não ficarmos fora da Europa e razões equivalentes. O facto das análises custo-benefício, devidamente escrutinadas, não existirem não importava.

Depois, no início da Crise, algumas pessoas (eu incluído) pediam que se repensassem os grandes projectos (GP) pois o esforço financeiro seria perigoso para o resto da economia. A resposta veio certeira e na forma de o autor estar “seduzido por Manuela Ferreira Leite” e as obras estratégicas não param só porque uma pequena crise nos bateu à porta. Os GP são projectos de longo prazo e acima da crise conjuntural.

A crise virou Crise e agora os GP são justificados porque a Crise assim o exige: há que dinamizar a economia, dizem.

Conclusão: os GP são para realizar com Crise ou sem ela ou até por causa dela. As circunstâncias mudam mas o que as pessoas pensam não se altera. Porquê tanta “teimosia”? (com aspas)

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Manif

É pá. Eu estou aqui porque é fixe manifestar-me, pá!
clipped from www.youtube.com
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Tiros no Escuro

Hank Paulson, depois de esbanjar 700 mil milhões de dólares sem qualquer efeito prático, pede agora mais 800 mil milhões para injectar no mercado de crédito à habitação. Isto pouco tempo depois de dizer que não ia gastar a segunda metade dos 700 mil milhões anteriores, ou que os ia gastar para ajudar o sector financeiro comprando activos financeiros a preços inflacionados, para ajudar ao crédito ao consumo e novamente para comprar activos tóxicos, no caso do Citibank. O novo tiro no escuro é voltar a ajudar o crédito à habitação, ou seja, o tipo de políticas que lançou a crise em primeiro lugar. Algo parece muito estranho aqui.
clipped from online.wsj.com

U.S. officials pledged to pump another $800 billion into ailing credit markets, much of it directly from the Federal Reserve -- a move that makes the nation's central bank a lender to almost every corner of American life.

The Fed, whose traditional lending role has been to make emergency loans to banks, plans to purchase in coming months up to $600 billion of debt issued or backed by Fannie Mae, Freddie Mac, Ginnie Mae and Federal Home Loan Banks, all mortgage-finance businesses with close ties to the government.

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Política anti-drogas

Falando em políticas de Estado eficientes, aqui está uma boa aplicação do dinheiro. Claro que, para isso, o google maps continua a ser bem melhor.

Leituras Recomendadas

Rui Tavares: Portugal é um problema político
Mas Portugal é um problema político e, em particular, de cultura política. No último século tivemos mais "suspensão" da democracia do que democracia, e pelos vistos não deu tempo para arrumar a casa. Já em democracia, o maior partido da oposição queixa-se sempre da "ditadura da maioria absoluta" para nas eleições seguintes exigir logo uma maioria absoluta, sem a qual não poderá arrumar a casa - e, ainda assim, a casa não fica arrumada. As nossas elites, por não terem realizações de monta, só se julgam elites se forem empurrando o povo para baixo - o que ajuda à desconfiança geral da democracia. Como sociedade, nunca experimentámos deliberar em conjunto sobre nada, desde a localização do aeroporto à autonomia das escolas. Mas isto não é só um problema do "centrão": os dois partidos mais à esquerda adoram ser oposição e nunca arriscam sujar-se no poder. Correr o risco de ouvir o povo sobre a Europa, enfim, é melhor nem falar. Correr qualquer risco já é mau.


Portugal é um problema político: chama-se falta de coragem democrática

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Desta é que é

José Sócrates afirma:

"Esse combate à crise faz-se com investimentos do Estado que tão criticados foram e que podem servir para ajudar muita gente a ter emprego, muita empresa a desenvolver a sua actividade", afirmou.

O problema é que José Sócrates já anda há anos a promover estes investimentos do Estado em projectos como o Magalhães, o TGV, o novo Aeroporto de Lisboa, etc. etc., e isso não parece ter impedido que entrássemos em crise.
Provavelmente, ninguém lhe disse que o estímulo fiscal, para dar resultado, teriam, primeiro que tudo, quer ser em infraestruturas essenciais e com efeitos de spill-over na economia. Para além disso, investimento público ineficiente (algo que, especialmente em Portugal, parece, cada vez mais, um pleonasmo) não tem qualquer efeito positivo na economia, e tem um efeito de diminuir as possibilidades de investimento do sector privado.
A eficiência do sector público é algo que, aliás, Barack Obama se comprometeu a tentar manter, anunciando que “examinar o orçamento federal, página por página, linha por linha, eliminando programas desnecessários e garantindo que aqueles que são mantidos serão eficientes em termos de custos”. (negritos meus)
Obviamente muitos programas desnecessários vão-se manter no Orçamento americano e no português, mas é um bom sinal comprometer-se a acabá-los. Em Portugal, poder-se-ia começar pela linha de TGV Lisboa-Porto ou pela construção de raíz de um novo Aeroporto para Lisboa, pelo menos sem um estudo prévio da viabilidade económica de estes dois projectos.
Sócrates dá também relevo ao facto de que a economia Portuguesa vai encolher menos do que a Europeia, de acordo com as previsões da OCDE, salientando as nossas "previsões menos negativas". Não seria isso de esperar depois de termos crescido abaixo da média europeia desde 2000? Será razão para estar tão contente?

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

À falta de melhor...

IN ADDITION to prostitution, add fortune telling to the list of countercyclical industries. Psychics around America are reporting a large spike in demand for their services. Anecdotally, men become more likely to see psychics during hard economic times. The article linked above suggests that male clients desire a sense of control amongst volatility and uncertainty.
Or maybe they simply need a kind, sympathetic ear. Even the most ardent sceptics do not deny that psychics are great listeners and exceptionally intuitive. And to be fair, even the most experienced and knowledgeable investors are struggling to predict what will happened to markets these days. Why not give fortune tellers a shot? They're cheaper than therapists and investment advisors, and potentially as effective.
(negritos meus)

Parece que, com a crise, o pessoal tem que acreditar em quem pode. Tirado de aqui.

Killed in translation

In the same year, a sign for pedestrians in Cardiff reading 'Look Right' in English read 'Look Left' in Welsh.

aqui.

Eu não devo um tostão a esses gajos

Comunicado da Presidência:
2. O Prof. Cavaco Silva e a sua Mulher:

a) nunca contraíram qualquer empréstimo junto do BPN;
b) não devem um único euro a qualquer banco, nacional ou estrangeiro, nem a qualquer outra entidade.

Porque nem só de gaffes vive a mulher

Manuela Ferreira Leite, por vezes, também propõe boas políticas económicas.

Fim do mundo: não é desta!

Vale a pena ler este artigo, de Tyler Cowen, do blog Marginal Revolution, no New York Times:
In short, expansionary monetary policy and wartime orders from Europe, not the well-known policies of the New Deal, did the most to make the American economy climb out of the Depression. Our current downturn will end as well someday, and, as in the ’30s, the recovery will probably come for reasons that have little to do with most policy initiatives.


Um dos pontos que vale a pena não esquecer, é que, apesar de ajudado pelas políticas governamentais, foi o mercado que saíu da crise. A crença de que o Estado sozinho pode salvar a economia, como uma espécie de Super Homem, é completamente utópica. O mundo continuará a viver numa economia de mercado com intervenção do Estado, e, como diz Luciano Amaral no seu artigo para o jornal Meia Hora, o importante, é "limitar-se ao máximo os seus efeitos perniciosos".

Muito se tem falado também de como esta crise marca o fim da economia de mercado e o príncipio de uma nova era de um maior peso do Estado na Economia, uma espécie de novo New Deal. Convém lembrar que a política do New Deal foi uma política temporária em tempos de crise, tal como vão ser as políticas de combate a esta crise. Note-se também que tanto Barack Obama com Rahm Emanuel, nos seus primeiros discursos sobre os estímulos fiscais referiram sempre o papel do mercado, por exemplo, na política energética, e frisaram a importância da descida dos impostos sobre a classe média. Ou seja, provavemente vamos ter um nível inusitadamente alto de investimento público nos próximos anos mas não será, certamente, o fim da economia de mercado, nem um caminho para a servidão.

domingo, 23 de novembro de 2008

Obummer: Esclarecimento

Para que fique claro, o Monstro acha que a vitória do Obummer é a melhor coisa que aconteceu nos últimos tempos. O Monstro tem fortes conflictos internos sobre a agenda que Obummer seguirá como presidente dos Estados Unidos mas não no respeito que sente pela sua eleição e regozija-se com o simbolismo que representa. O Monstro pensa que um bom indicador do sucesso no curto prazo da presidência do Obummer é a contínua desilusão de expectativas irreais criadas à sua volta e por isso lhe chama Obummer com um sorriso nos lábios. E quando as situações têm piada, como a Mudança chegar ao Seixal, ri-se que nem um perdido.

Obummer VII: Os cartazes oportunistas

Preparem-se, a mudança por especificar mas vagamente relacionada com a vitória do Obummer está a chegar ao Seixal. Just do it! Também!

sábado, 22 de novembro de 2008

Obummer VI: 2.5 milhões de empregos

Obummer promete a criação de 2.5 milhões de empregos:
American workers will rebuild the nation's roads and bridges, modernize its schools and create more sources of alternative energy, creating 2.5 million jobs by 2011, Obama said in the weekly Democratic address, posted on his Web site.
ESTIMULA, BABY, ESTIMULA.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Jovens libertários portugueses, unite and take over

O Monstro está preocupado. A crise está a virar o clima político para a esquerda. Nos jornais lê-se sobre o papel importante que o Estado poderá desempenhar na saída da crise. Fala-se num estímulo fiscal sem precedentes e num papel mais importante do Estado na Economia num futuro próximo.

Esta crise tem tido muitas vítimas mas um dos grupos menos atendido tem sido os libertários portugueses. Não é fácil identificá-los. São jovens e inteligentes mas dificilmente constituem uma tribo óbvia já que são essencialmente definidos na negativa: começam todas as frases com "Não!", não usam lenços Arafat, não são raparigas, não têm namoradas.

O Monstro acredita que é também responsabilidade do Estado proteger esta minoria enraivecida e integrá-la nesta nova realidade antes que se assista a uma espiral de deliquência libertária. Como tal, deixa aqui algumas propostas de actividades e encoraja os leitores deste blog a enviarem também as suas propostas no sentido de construir uma realidade menos opressiva contra esta minoria em crise de identidade.

Porque a democracia é também a protecção das minorias, o Monstro propõe:

1. O dia Mundial sem Governo. Um dia por ano o Estado pára e organiza visitas guiadas a uma realidade alternativa onde há muito tempo atrás o Governo tinha actividades sociais relevantes e de regulação e participação na economia.

2. A construção de um parque de diversões. Como atracções principais propõe-se a construção de uma montanha russa: "Destruição Criativa - Venha viver a viagem alucinante do ciclo de vida de uma empresa" e uma casa dos horrores chamada "O caminho da Servidão - a história dramática da expansão do vírus do socialismo nas sociedades livres".

3. A opção de deixar de pagar impostos no dia a dia em troca de uma quantia fixa a ser determinada no final do ano pela soma de impostos devidos mais uma comissão considerável.

4. A criação de um museu de cera com as personagens liberais mais famosas. Entre outras propõe-se a criação de estátuas super-realistas de: Von Mises, Hayek, Milton Friedman, Ayn Rand, Wilt Chamberlain a afundar por cima de John Rawls, Robert Nozick, Schumpeter.

5. A criação do campo de férias Thoreau. Durante 4 meses no Verão os jovens libertários serão encorajados a levar vidas auto-suficientes e a escrever sobre as suas experiências numa serra portuguesa por determinar.

6. Adicionalmente ao ponto 5., e em troca de uma contrapartida financeira irrisória ("o Estado não sabe mesmo gerir os seus recursos") serão proprietários de uma parcela da floresta. É de esperar que organizem um eficiente sistema de protecção privada contra fogos florestais. No final do verão serão expropriados por um Governo Comunista de forma a relançar a crença de que não se pode confiar no Estado.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Somos todos bancos

E não é que talvez consigam mesmo?

Cá fora é que é

Daniel Oliveira está chateado com o PSD por ter recusado o "grande projecto" de partilha de bicicletas que, como faz questão de frisar, "existe em tantas cidades europeias". As razões invocadas para a rejeição de dito projecto (já vos disse que está em várias cidades europeias) são, vejam lá,"a falta de tradição de tráfego de bicicletas em Lisboa, as condições do relevo da cidade e a a falta de infraestruturas para a circulação em duas rodas".
Outra coisa que Daniel Oliveira se esqueceu de se mencionar é que as cidades (incluindo Aveiro) em que este sistema foi instalado (e foi um sucesso) são , por acaso, cidades, só para teimar, bastante planas. Também comum a estas cidades é o facto de que o uso generalizado da bicicleta como meio de transporte é muito anterior à instalação dos sistemas de partilhas de bicicletas. Aliás, em todas elas, se vêem, coabitando com as bicicletas partilhadas, bicicletas nomais estacionadas por todo o lado.
Acontece que, em Lisboa, ninguém, excepto, um(a) comentador(a) do Arrastão e mais duas pessoas, usa a bicicleta como meio de transporte habitual. Certamente contribui para isso o facto de que a cidade tem, segundo quem as contou 7 colinas, o que tornam a ida diária para o trabalho uma etapa de montanha do Tour de France.

(claro que Daniel Oliveira não se lembrou da nossa cidade que já tem um projecto semelhante, Aveiro, porque os exemplos cá de dentro não interessam e talvez porque, imaginem, foi um presidente da câmara do PSD que as instalou)

Parece

Se lermos este post de Vital Moreira, ficamos com a impressão que o Governo, após dura lut para negociar um novo Acordo de Empresa, acabou por retirar os "inaceitáveis privilégios dos próprios dirigentes sindicais" (negrito do próprio).
Se lermos esta notícia, do Público, que é referido, afinal apenas os dirigentes dos sindicatos que não assinaram o contrato é que perderam o previlégio.
Hmmmm, para esses o previlégio já não é inaceitável, ou estes são mais iguais que os outros? Ao que parece os dirigentes sindicais que queriam mesmo manter os seus previlégios apenas tiveram que assinar e calar as suas hostes. Alguém me explica por que raio é que os dirigentes sindicais são pagos pela CTT?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Obummer V: Obama não é árabe II

Nem muçulmano, mas o seu pai era:
O egípcio acusa ainda Obama de ter virado as costas às suas raízes muçulmanas para assumir “uma posição hipócrita em relação a Israel”. “Nasceste de um pai muçulmano, mas escolheste ficar ao lado dos inimigos dos muçulmanos”, refere, numa referência ao compromisso assumido pelo Presidente eleito de continuar a aliança com o Estado israelita.


Já repararam no Bin Laden com óculos?

O monstro

não vai de suburbano para Bagdad.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Tenham medo, muito medo (do estado do nosso Português)

E jornalismo também...

Se seguirem este link podem ouvir as declarações da Manuela Ferreira Leite sobre os "seis meses sem democracia" que estão a fazer os títulos de tudo o que é site noticioso de forma oportunista e desonesta.

Comecemos pela legenda da foto do Público.
A líder do PSD diz não acreditar "em reformas, quando se está em democracia"
No ficheiro audio ouvimos a pausa que interrompe bruscamente esta frase. Ouvindo tudo não é díficil de perceber que a frase não ficava ali nem de entender o que Manuela Ferreira Leite está a querer dizer: que em Democracia não se fazem reformas sem a participação das partes por elas afectadas.

Mas o aproveitamento dos "seis meses sem democracia" ainda é mais grave. Concordo que Manuela Ferreira Leite não tem a voz mais expressiva do mundo, mas não reconhecer aquela parte como uma figura de estilo é rídiculo e usar a frase para título é uma deturpação sensacionalista. Já se sabe, muita gente lê apenas os títulos, etc e tal.

É interessante ver as reacções de diferentes partes interessadas. Bernardino Soares do PCP faz política de forma elegante, Alberto Martins do PS é rídiculo e, quando confrontado com a possibilidade de ser ironia, continua a ser rídiculo (e continua a ser política) e Menezes é irrelevante e nem deve ter ouvido as questões que lhe fizeram enquanto falava do túmulo de Sá Carneiro.

Sobre a ajuda à indústria automóvel

No seu último post, Gonçalo defende a ajuda governamental à indústria automóvel, começando por afirmar que não se trata de um bailout. Talvez estejamos em desacordo quanto a definições, mas, não vejo como é que a ajuda financeira a empresas em apuros não é um bailout.
No seu post Gonçalo refere uma notícia que se refere aos produtores de automóveis ingleses, que parece agora estar mais longe de vir a acontecer.
Gonçalo chama isto de um estímulo económico e remete-nos para um artigo, de Patrick Bolton e Joseph Farrell, que afirma:
We argue that although decentralization has advantages in finding low-cost solutions, these advantages are accompanied by coordination problems, which lead to delay or duplication of effort or both. Consequently, decentralization is desirable when there is little urgency or a great deal of private information, but it is strictly undesirable in urgent problems when private information is less important. We also examine the effect of large numbers and find that coordination problems disappear in the limit if distributions are common knowledge

Ora, no caso da indústria automóvel, pelo menos a mericana, a informação é já bastante pública há muito tempo de que esta indústria é ineficiente e já desde há muito tempo que é óbvio que esta não consegue sobreviver por si só. Por outro lado, invocar a crise do crédito para justificar um bailout para esta indústria passa ao lado do facto de que esta indústria já estava a necessitar de ajuda muito antes da crise no crédito começar.
Uma ideia, referida no link acima, seria de libertar dinheiro do Estado para ajudar a relocar os activos da GM, Ford e Chrysler, dado que, com a crise no crédito, parece ser díficil para estas empresas entrar em processo de falência normal e venderem partes eficientes dos seus activos.

Quanto à ideia de que a economia neste momento pode precisar de um estímulo remeto isso para uma análise aprofundada noutro post.

Tenham medo, muito medo

Ferreira Leite pergunta se "não seria bom haver seis meses sem democracia" para pôr "tudo na ordem"
Claro que os seis meses, poderiam sempre acabar por ser quase 48 anos...
Sinceramente, começo a perceber porquê que Manuela Ferreira Leite resolveu manter-se calada até agora... Cada vez que abre a boca, parece afastar mais eleitores...

Clarificação: Porque escrevo neste blog

O Monstro escreve neste blog para o Willem Buiter:
To all those readers of this blog who have requested shorter, snappier, less technical and abstruse postings, the following. I write this blog for me, not for my readers. Writing things down is the only way for me to communicate effectively with myself about complex issues.
Uma vénia. Que monstro.

OBummer IV: Política anti-droga

Parece que não é desta que a marijuana vai ser legalizada nos E.U.A..

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Estímulos Fiscais

Parece cada vez mais que os fabricantes de automóveis vão beneficiar de um pacote de ajudas governamentais. Isto jã não é apenas um bailout, já não se trata de salvar companhias que proporcionam benefícios indirectos ao resto da economia.

A ser verdade, tratar-se-à de um pacote de estímulos fiscais escolhido estrategicamente. Podemos ou não concordar com a existência deste estímulo (eu concordo, talvez não para a indústria automóvel) e podemos discutir se o governo não deveria antes estar a entregar este dinheiro aos consumidores (eu não concordo), reduzindo os impostos, por exemplo.

Escrevei primeiro sobre a última questão. Por que razão estimular parte da economia de forma aparentemente ineficiente? Afinal de contas o mercado e o sistema de preços têm uma vantagem comparativa enorme (em termos informacionais) para definir o que deve ser produzido e qual a forma mais barata de o fazer. Se o Estado o fizer, apenas por sorte acertará na combinação certa de onde investir.

No entanto, em alturas de urgência e na presença de assimetrias de informação (em que umas partes sabem mais que outras sobre o futuro de uma empresa), o mercado sofre de problemas de coordenação. Estes problemas podem levar ao atraso e à duplicação de investimentos que fazem parte de um processo de tentativa, erro e processamento de informação que é muito benéfico em tempos normais, mas que pode ser muito custoso em situações urgentes. Esta ideia, explorada por Patrick Bolton e Joseph Farrell, pode ser aplicada no contexto dos dias de hoje.

Não é possível estimular a produção dando dinheiro aos consumidores se eles se recusarem a comprar bem duradouros, ou a investir no que seja, quando vêm algumas das companhias mais importantes da sua vida falir e fechar portas. Entretanto, perdem-se largas quantidades de capital específico e o mercado efectivamente congela enquanto percebe no que é rentável investir. Os períodos de crise não são a melhor altura para aplicar a destruição creativa, porque neste contexto tudo é passível de ser destruído. E por mais que eu deteste carros, e reconheça inúmeros problemas em o Governo poder ser capturado por interesses especiais ou por ideias de grandeza por parte dos seus líderes, a perspectiva de bater um fundo muito fundo parece-me muito pior que o custo de erros pontuais.

PS: Se alguém quiser o paper que o peça nos comentários que eu envio para o email. É especialmente recomendado e socialistas liberais em crise de identidade e a libertários em conflicto interno.

Isso da verdade não interessa à política

Ou pelo menos, não deveria, de acordo com Lurdes Ferreira:
Parece que a discussão entre cientistas está mais acesa do que nunca sobre se o problema das alterações climáticas existe mesmo ou se é uma miragem. O debate já não é propriamente novo. Dos críticos, vai-se ouvindo que o Painel de Alterações Climáticas da ONU “decretou” o combate contra as emissões dos gases com efeito de estufa com base não em relatórios científicos, mas em documentos-síntese para decisores políticos e expurgados do rigor que se deve ter para analisar estas questões. Outra crítica é que se trata de uma ideia que, no final, aproveitará ao lobby do nuclear, e que é este que a tem fomentado.

É mentira? É verdade? Que interessa? Senhores cientistas, procurem a verdade, mas não dêem cabo da melhor ideia política das últimas décadas. Já viram a mobilização global que causou?


Ou seja, se se descobrir que afinal os gases do efeito de estufa, não provocam, de facto, efeito de estufa (Nota: isto parece-me muito pouco provável), Lurdes Ferreira acha que as políticas em relação ao seu controle se devem manter. O controle só porque Lurdes Ferreira, por alguma razão que nos ultrapassa, não gosta de CO2? Ou apenas porque é giro ver os governos a intervir na economia? Ou porque até é giro toda a gente a andar de bicicleta?

A Comissão Europeia

Para se perceber o descontentamento generalizado de muitos europeus com a União Europeia, basta ler este artigo de Isabel Arriaga e Cunha. Quando se escreve um artigo para nem sequer chegar a descrever completamente o complicado processo por que passa a escolha de uma das figuras mais importantes da principal instituição da União Europeia, algo está mal.
Algo está mal quando ninguém na União Europeia sabe exactamente como é escolhido o lider dessa instiuição, ou sabe o que pode fazer para alterá-lo ou sabe exactamente quem ele é e qual é o seu perfil.

Explica lá essa, se faz favor?

O ministro manifestou ainda o seu desagrado com a atitude assumida pelo presidente checo, Vaclav Klaus, que à margem de uma visita oficial à Irlanda, na semana passada, se reuniu com o líder da campanha pelo ‘não’ no referendo ao Tratado de Lisboa de Junho passado, Declan Ganley.

“Acho que foi um exercício de mau gosto. A solidariedade deve funcionar nos dois sentidos: as minorias devem respeitar as maiorias, como as maiorias respeitam as minorias”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros português.

in Publico.pt

Alguém me explica esta afirmação de Luis Amado e a sua relação com o parágrafo anterior? Respeitar as maiorias, que votaram não no referendo ao Tratado de Lisboa, significa não ouvir as suas ideias, e assumir, paternalisticamente, que os eleitores são todos burros e votaram contra o Governo e não contra o Tratado em si? Ou, como na maioria da União Europeia, aprovar o Tratado no Parlamento, por receio a que um referendo não passe?

Adenda: Quanto ao assunto principal do artigo, é engraçado como Durão Barroso passou de político odiado para o político adorado por todos os portugueses a partir do momento que foi para a União Europeia.

A escolha de colunistas

Num ataque de raiva, Rodrigo Adão da Fonseca no blogue O Insurgente, decide atacar a escolha editorial do Público, acusando o jornal de cavar a sua própria sepultura:
Pergunto, apenas, e novamente, aos accionistas da Sonae, se é este o destino que querem dar ao seu dinheiro: patrocinar espaço mediático aos maiores inimigos da economia de mercado, capazes de assumir pressupostos falsos para a apologia de ideologias que, se vencedoras, determinarão o confisco dos seus bens. Hoje, já limitam a liberdade económica e a normal afirmação do empreendedorismo. Amanhã, se puderem, avançam para a nacionalização de quem se lhes oponha, à imagem e semelhança do que podemos assistir nos países que vivem sob regimes que merecem a simpatia de Boaventura, como a Venezuela, a Bolívia, Cuba, ou a Coreia do Norte.

O jornal Público, na sua liberdade de escolha, resolveu pagar a Boaventura Sousa Santos para que escrevesse um artigo para a sua secção de Opinião. Provavelmente, fizeram-no tendo como objectivo maximizar os lucros que retiram dos jornais, talvez através de um aumento da sua circulação. Provavelmente considerou que os leitores gostam de ver um debate intelectual, com uma diversidade de opiniões expressas e argumentadas. Se calhar, não. De qualquer forma, é uma decisão que cabe exclusivamente à direcção do jornal.

Rodrigo Adão da Fonseca, muito paternalisticamente, avisa-lhes que estão a cavar a sua própia sepultura. Tal como Manuela Ferreira Leite, considera que os meios de comunicação não devem escolher os seus conteúdos, desta vez porque estão a dar-se tiros nos pés. Ou melhor, pela forma alarmista como escreve o artigo, parece-me mais que teme que seja um tiro na própria cabeça. Engraçado que Rodrigo Adão da Fonseca resolva não comentar o artigo em si, mas apenas atacar a decisão do Público de publicá-lo. Será que receia que as opiniões de Boaventura Sousa Santos ganhem o debate intelectual, se não forem caladas? Será que não tem argumentos para derrotar os de Boaventura Sousa Santos?

O Monstro Apresenta...

Paulo


O Paulo pode ser descrito como um libertário ortodoxo, um verdadeiro purista. Para ele a realidade só faz sentido se for discutida num plano ideal e hiper-racional. Não o preocupa a sua própria irrelevância ou ser maquinado por interesses especiais com os quais possa ou não concordar, desde que vá alimentando os seus dogmas. Ele é contra o Governo, contra as mudanças climáticas, contra a justiça social, contra quase tudo o que te preocupa e tem razão, porque para ele, a tua ansiedade resulta essencialmente da ignorância: ou não sabes os facto certo, ou não entendes completamente o problema ou não o estás a examinar sobre a luz mais pura. E para a próxima, podias pensar antes de te queixares.

Gonçalo

O Gonçalo acredita que todos os males do mundo, desde o aquecimento global até à fome em África, passando pela sida, a malária e o facto de que tu, o leitor, estás desempregado, se resolveriam com um bocadinho mais de intervenção do Estado. Ele acredita que os nossos líderes são uma espécie de "planeador social" que só quer o bem de todos nós e que nos ajuda a tomar todas as decisões de uma forma acertada. Acredita que os mercados, desde o financeiro ao mercado de preservativos, estão todos desregulados e que a ganância dos capitalistas nos vai levar a uma crise de valores que, por sua vez, vai contribuir para o fim do mundo. No entanto, com a chegada do Sr. Obama à Casa Branca vamos finalmente ter felicidade em todo o mundo e Paz Eterna.

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Apesar de os dois saberem mais do que tu eles estão dispostos a ler e responder a comentários, incluindo SPAM (por vezes a pasta mais interessante da caixa de correio), com a mesma dedicação com que respondem aos seus insultos mútuos.

Obummer III: Mudança em Hollywood

Cheira-me que muita gente vai ficar desapontada.

Obummer II: Obama não é um árabe.

Nem o seu chefe de gabinete. Nem o pai do seu chefe de gabinete:

"Obviously, he will influence the President to be pro-Israel," said the elder Emanuel, who immigrated to the U.S. from Israel in the 1950s. "Why shouldn't he do it? What is he, an Arab? He's not going to clean the floor of the White House."

Mas garantimos desde já, que acima de tudo, esta gente é toda decente e homens de família e o Moha, the Janitor também.

O Monstro ainda está a ressacar da eleição americana.

Obummer I: Proposition 8

O Monstro acha que tudo o que é bom é culpa do Obama (mas tudo o que é mau também): Casamento entre pessoas do mesmo sexo proibido na California.

Montes de discussão sobre isto aqui (incluindo uma refutação aborrecida).

sábado, 15 de novembro de 2008

Todo o investimento público possível

O nosso PM José Sócrates resolveu que chegou a altura de começar a pensar na economia real, prometendo todo o investimento público possível.
Só uma questão? Isso é para além das duas linhas de TGV, do novo Aeroporto de Lisboa, da nova ponte sobre o Tejo, do Magalhães, etc.? Mas o governo não estava já a fazer todo o investimento público possível e imaginário? Ainda é possível mais? Será que vamos conseguir chegar aos défices com dois dígitos?

Melhor regulação

Paulo, excelente crítica à falta de regulação dos mercados financeiros. Não podia concordar mais. Aquilo anda uma verdadeira selvajeria, se as empresas mudam de natureza de um dia para o outro apenas para beneficiar de oportunidades de curto prazo que não fazem qualquer sentido socialmente. É preciso controlar isto.

Remeto o comentário sobre o bailout para outro post mas fica uma nota sobre a fotografia. Foi tirada após um terramoto...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sopa dos ricos


O plano de ajuda financeira do governo norte-americano, vulgo "bail-out", começa a parecer cada vez mais uma sopa dos ricos, com a lista de empresas a juntarem-se à fila a crescer cada dia. Os últimos da fila agora são a American Express, que até mudaram a sua função para conseguir um bocado de pão.
A seguir devem vir os chamados "Big Three" de Detroit, que, com um impressionante truque de magia, passam também a empresas financeiras.

(Já repararam como ninguém na foto tem cara, ou ar, de passar fome?)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Primeiro Post

Bem-vindos ao Monstro de Duas Cabeças,

Este blogue servirá de repositório de pensamentos e opiniões sobre eventos actuais, passados ou futuros, em Portugal e no Mundo. Os seus autores raramente estão de acordo sobre questões essenciais, mas concordam absolutamente nas duas premissas fundamentais deste blog: a realidade é demasiado interessante para não ser debatida e eles sabem mais sobre ela do que vocês.

O monstro