terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Políticas de Estabilização: A Versão Hippie

É um dos tópicos mais discutidos do momento. Assumindo que vem aí uma crise, há duas questões essenciais. A primeira prende-e com os custos de uma crise. Se a crise não tem custos, não faz qualquer sentido seguir uma "política de estabilização". Por outro lado, é também importante perceber se o Estado consegue contrariar os efeitos da crise. Se a intervenção do estado só piorar as coisas, obviamente que é melhor esperar que a tempestade passe.

Este post tratará da primeira questão. Os custos dos ciclos e das crises económicas são uma questão muitas vezes visitada por economistas. Grande parte das pessoas que são contra a intervenção estatal perante uma crise acham os seus custos negligenciáveis. Se isso é uma comparação com os benefícios da intervenção governamental nunca fica muito claro, mas há coisas que são claras: por exemplo, um ajustamento industrial como resultado da crise, por exemplo, o fecho de fábricas de automóveis em Portugal, envolveria o despedimento de milhares de trabalhadores.

Deixo os detalhes para quem quiser seguir o paper, mas num estudo sobre felicidade, Justin Wolfers (co-autor de Mankiw para quem está preocupado se se trata de um Macroeconomista decente), revisita os efeitos da volatilidade económica em medidas do bem-estar agregado. Olhando apenas para os últimos 30 anos, referidos no meio académico como o período da "Grande Moderação", precisamente pela redução na volatilidade de variáveis económicas, ele chega a conclusões surpreendentes:
- Desemprego e Inflação reduzem significativamente medidas agregadas de satisfação, felicidade e bem-estar.
- Sentimentos de depressão e inutilidade aumentam com o desemprego, e sentimentos de confiança, felicidade e satisfação com a vida descem todos.
- A confiança nas instituições políticas e no sector privado desce.
- Comparados com os efeitos (pequenos) encontrados por Lucas (1987), os benefícios de reduzir a volatilidade dos ciclos económicos são grandes.
- Aparentemente, e refere-se a mais literatura para este ponto, factores como emprego e estado matrimonial são mais importantes para o bem-estar que o rendimento.
Antes que o Paulo nos distraia com comentários sobre as potenciais políticas casamenteiras do governo socialista, quero já dizer que sou totalmente a favor. Volta Vieira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário